sexta-feira, 12 de junho de 2009

Chegada à foz

Dias 02, 03, 04 e 05 de junho


Chegando à foz

Voltando ao meu roteiro, peguei um barco em Macapá e ao passar por Belém, o 4o Distrito Naval da Marinha do Brasil me deu apoio, levando-me em um navio patrulha até o extremo da foz do Amazonas, à direita da ponta de Marajó. Cheguei exatamente no nascer do sol do dia 5 de junho de 2009, Dia do Meio Ambiente.

Em Belém, fui recepcionado com uma festa na linda Estação das Docas. Enquanto eu me aproximava do cais, podia ver atracado o navio amigo - O “Oswaldo Cruz” - que foi minha casa, em 2006, durante um belo trabalho de atendimento da Marinha às populações ribeirinhas do Amazonas. Tanto nosso navio patrulha “Guanabara”, quanto o “Oswaldo Cruz” deram longos apitos de boas-vindas. Enquanto isso, um helicóptero com cinegrafista a bordo, registrava a minha chegada marcando o final dessa grande jornada.

Percorrer os 6.993 quilômetros desse rio colossal, e chamar a atenção para a importância que ele tem para todas as regiões que atravessa. Uma importância ainda maior, quando sabemos que ele é o responsável pelo ciclo das águas e regime de chuvas de toda a América do Sul. Um fenômeno planetário que forma a maior bacia hidrográfica e a maior reserva de água doce em estado líquido do Planeta.

Toda a expedição “Amazonas – uma aventura da nascente à foz” foi feita com recursos próprios, mas o projeto é muito maior. Prevê expedições complementares, em regiões especiais, sobrevôos de helicóptero e a realização de um documentário longa-metragem, que se encontra em fase de captação de recursos.

Entrada em território brasileiro

Dias 26, 27, 28, 29 e 30 de maio

Sub-oficial Clementino, em Santa Rosa

Comandante Pinto, em Tabatinga

Minha entrada em território brasileiro foi na fronteira tríplice - Peru/Colômbia/Brasil - Santa Rosa/ Tabatinga/Letícia.

Na quarta-feira, dia 26, saí de Iquitos em direção a Tabatinga às 6 horas da manhã, de barco. Ao chegar, fui recepcionado pelo Comandante Pinto, da Capitania dos Portos de Tabatinga, que me deu apoio na cidade.

Dormi no hotel e na manhã do dia 28, segui em direção a Manaus. Cheguei a Manaus no sábado, dia 30 de maio. No dia 31, para não atrasar mais meu cronograma, peguei carona em um navio petroleiro que vai até Belém. Mas tive que desembarcar em Macapá, no dia 02 de junho, pois o navio tomaria o curso do Canal do Norte e me faria desviar da rota utilizada pelo INPE, através do canal de Breves, ao sul e a leste de Marajó, para chegar à foz.

Cidade de Iquitos - Mercado de Belén

Dias 24 e 25 de maio, segunda e terça-feira

Em Iquitos, conheci uma favela que se chama Belén (com N no final mesmo). Lá, estive numa feira com o mesmo nome, que me lembrou muito o mercado de Belém (nossa Belém).

O que me chamou a atenção nesse mercado foi a exposição de animais silvestres para vendas.



sexta-feira, 5 de junho de 2009

Chegada a Iquitos

Dias 22 e 23 de maio, sábado e domingo


Prédio Histórico em Iquitos

É curioso, mas o trecho mais difícil, mais inóspito e gélido da subida ao cume do Nevado Mismi, com exploração das lagunas glaciares e da região da nascente, foi onde me senti melhor e consegui as imagens mais completas.

Tinha me preparado bem para andar na neve e no gelo, a mais de 5.500 metros de altitude, desde a Expedição Científica de 2007. Fiquei também alerta, para atravessar a zona perigosa da guerrilha do Sendero Luminoso, nas montanhas de Ayacucho e San Francisco. Mas não me preparei psicologicamente para enfrentar a monotonia dessa descida do rio Ucayali, desde Atalaya até Iquitos. Se, pelo menos, eu tivesse possibilidade de gravar a partir de voadeiras, ou mais próximo às margens...

Passamos pela confluência do Marañon com o Ucayali. Muita gente pensa que o Amazonas começa aqui, ou em Iquitos. Mas já registrei em meu GPS mais de 3.000 quilômetros e nem cheguei à capital da Amazônia peruana.

De Pucalpa pra cá já existe ‘cara’ de Amazônia. Mas as árvores não são tão altas como as do trecho em que o Amazonas entra no Brasil e é chamado de Solimões.

Depois que recebe o rio Marañon o Ucayali se espalha. É lindo ver as várzeas alagadas – estou gravando em plena cheia.

Iquitos é uma cidade simpática, com um boulevard beira rio, de casas do período da Borracha. Ao contrário do que acontece no centro de Atalaya e Pucalpa, a cidade de Iquitos mostra muito mais a cultura da floresta amazônica. Mas é uma cidade realmente isolada, sem estradas de conexão. Os moto-táxis fazem a festa por aqui.

Moto-táxi em Iquitos

Longa viagem pela planície da Amazônia peruana

Dias 19, 20, 21 e 22 de maio, terça, quarta, quinta e sexta-feira

Porto de Pucalpa

Este trecho no Ucayali é bem sinuoso e esparramado. Ao contrário do último trecho montanhoso, com pedras e paredões, com o rio Tambo encaixado em seu leito, o Alto e o Médio Ucayali tem as margens baixas, cobertas por sedimentos que descem das montanhas e ficam depositados nos dois lados.

Quando os barcos passam, ilhas imensas de lama, praias inteiras se desprendem das margens e caem no rio – muitas vezes com mata, árvores altas e tudo mais. É a dinâmica do Ucayali-Amazonas, que alimenta a imensa planície peruana e brasileira com água, sedimentos e nutrientes.

70% das águas dos rios do Peru correm para a planície amazônica. Mesmo que não corram no curso principal, por onde estou navegando, elas acabam formando grandes rios, como o Madre de Dios – suas águas, mais tarde, vão dar no rio Madeira, um dos maiores afluentes do Amazonas, já em território brasileiro.




O barco saiu ontem!

Dias 17 e 18 de maio, domingo e segunda-feira

Carregamento de madeira

De manhã cedo, quando fui para o porto de Atalaya, no horário previsto para o embarque para Pucalpa, não tinha barco. O dono decidiu sair mais cedo. Por aqui é assim. Se tem uma festa na outra cidade, ninguém espera. É muito comum os barcos ficarem dias inteiros pegando carga de madeira em toras, para levar rio abaixo.

Estava mais tranqüilo porque, finalmente, deixei para trás a perigosa região das guerrilhas. Mas ainda não posso expor muito minhas câmeras. No porto, onde fui verificar a saída para Pucalpa, o dono do barco me recomendou esconder o equipamento.

No dia 18, logo que o barco saiu do porto, rumo a Pucalpa, os proeiros começaram a dar tiros, para assustar os piratas que assaltam as mercadorias e os passageiros dos barcos. Embora os tiros fossem para o alto, eu ficava apavorado, porque meu barco estava transportando gasolina e bujões de gás com válvula!


terça-feira, 26 de maio de 2009

Chegando à planície amazônica

Dia 16 de maio, sábado

Margem do rio Tambo (Amazonas) com árvores frondosas

Cascata nos paredões do rio Tambo

Rapazes em jangada

Saímos de barco de Puerto Chata, às 12:30h, iniciando nossa descida por este trecho do rio Amazonas, que agora é chamado de rio Tambo. Nosso destino é a cidade de Atalaya, já na planície amazônica peruana.

À medida em que descemos o Tambo, noto que a floresta vai ficando cada vez mais densa, com árvores mais altas e frondosas – uma paisagem completamente diferente das regiões montanhosas e pedregosas que ficaram para trás. Isso aqui já tem cara de Amazônia.

É incrível essa geografia das margens do rio, com paredões dos dois lados, de onde brotam lindas cascatas.

A chegada a Atalaya foi no final da tarde. Aqui o rio Amazonas já se chama Alto Ucayali.